"Até que você namora direitinho"

Foi a frase de efeito no final do primeiro encontro. Desagradável mas desafiante. Na verdade uma provocação como forma de dizer: "Volte novamente". E assim foi a primeira noite deles. No segundo encontro, um rápido namoro pós trabalho, beijos trocados, molhados, sinceros, início de olho no olho. Sensualidade da sua pela clara, sua lingerie branca, os cabelos loiros. Tudo extremamente alvo nesta conquista. O terceiro encontro, a surpresa, a promessa, o cumprimento. Tudo exatamente nesta ordem.

O corpo esguio e bonito envolto por um tubinho preto. Salto alto, preto. Bolsa pequena. Brincos e pulseira chamativos. Sorriso espontâneo, aberto, franco. Franco também é o papo. Falar de família é mote da conversa. Cozinha, temperos, aromas, vinho, queijo e no fogão a panela em que está sendo preparada a alquimía para um jantar a dois.

Tornam-se levemente ébrios com o delicioso vinho italiano servido em taças diferentes. Qualquer que fosse o prato do jantar, seria sorvido com imenso prazer, pois, o olhar trocado entre os pares era o que mais os encantava. Depois da agradável conversa  durante a ceia, ela se levanta, vem em sua direção e pede colo. Quem negaria colo pedido com jeitinho, fazendo beicinho, por uma nórdica alta, bonita, estonteante, de olhos como o puro mel e dentro de um tubinho preto? Ninguém.

A plástica dos corpos se misturam às luzes da paisagem lá fora. Corpos ardentes, desnudos, desinibidos e buscando um só objetivo, o prazer. Isto tem sabor, tem dinâmica, tem mecânica dos fluídos, tem inversão proporcional e teoria de Gauss. Quando a base em exatas deixou de ser predominante, a festa foi completa e aí não se viu mais nada. Corpos desfalecidos e devidamente encaixados, adormecem sendo observados pela claridade que acorda a metrópole...

É... até que ela namora direitinho.


Alexandre.