domingo, 26 de dezembro de 2010

Amor, ciúmes e dor...

Amar é um jogo desleal. A gente se apega a uma pessoa, faz de tudo para sentir-se útil, carrega suas compras, o material de trabalho, admira seus óculos repousados no criado à beira da cama, ouve suas histórias sem estar interessado e se encanta pela paixão com que as conta, senta ao lado sem dizer nada só para sentir seu perfume, deseja até quando a pessoa está de costas lavando a louça.

Estar apaixonado é muito bom! Deixa a gente sem chão, sem governar os pensamentos, sem perceber o interesse dos outros, sem sentir as nossas próprias necessidades. Estar apaixonado é um estado que dura, segundo os especialistas, de 18 a 30 meses no máximo. E o que dizer dos casais apaixonados por uma década, até as bodas de prata, ouro, diamante, passando por problemas e alegrias com a prole, seja ela pequena ou volumosa?

Costumo dizer que paixão a gente pega uma vez e só. Como catapora, sarampo ou cachumba. Mas é muito bom ser iludido por uma paixão. A gente nunca escolhe por quem vai se apaixonar. Pode conhecer o futuro ser amado compartilhando poltronas em uma longa viagem de ônibus, na fila do banco, aguardando a vez na bilheteria para compra de ingressos para um concorrido show. Encontrar com a pessoa que faz brilhar os olhos é mágico, surreal.

Até em um movimentado bar subterrâneo, habitat de estudantes universitários "subversivos", de esquerda, com fumaça proibida pairando no ar regada a cerveja, pode-se encontrar a pessoa com quem irá dividir a tarefa de comer vários quilos de sal. Engraçado é quando a dupla de opostos ao público local, se atrai. Ambos por que não fumam e muito menos se alcoolizam para serem engraçados. Daí vem a atração, quase fatal, quase fetal. Desde o útero materno dá para prever como será o comportamento do indivíduo durante toda a sua vida sentimental, analisando a intensidade e locais dos "chutes" na barriga da mãe. Não me perguntem como, briguem com cientistas alemães.

Daí o ninho de amor se desfaz e, cada um para o seu lado, tentam se reerguer e encontrar novamente novos seres amados. É nesse ponto que o ciúmes se faz presente. Ciúmes de dor. Ciúmes de amor. Ciúmes de matar. Já provoquei ciúmes assim. Já senti ciúmes assim. Não existe nada mais incomodativo do que sentir ciúmes da pessoa que a gente ama. Chumbo trocado não dói? Ah... não dói porque não foi feito do teu coração uma "táuba de tiro ao álvaro". Ser homem ou mulher únicos de alguém é privilégio de poucos e para poucos. Enjoamos e o dia-a-dia nos torna sem sal e tediosos um para o outro. Ah, valha-me Deus. Permita que eu acorde todos os dias amando uma só mulher e durma desejando-a loucamente, como nos tempos em que apenas um olhar seu me tirava o chão.



[]´s com amor,




Alexandre.

6 comentários:

  1. Grande Alexandre,

    Compartilho da sua opinião... Por experiência própria, rs.
    Grande Abraço e espero receber mais ensinamentos seus em 2011, estamos trabalhando para que isso aconteça

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  2. Gosto de me apaixonar. Sentir aquele frio na barriga, querer ver a pessoa, se arrumar para ela. Acho que isso dá uma gás novo para a gente.
    Mas isso só é bom quando temos reciprocidade. Se isso não acontece,daí é um saco.
    O problema é que sempre me apaixono pela pessoa errada...ou no momento errado.
    Beijos,
    Tati
    http://comoagarrarummarido.blogspot.com/

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  3. É paixão é uma coisa gostosa de se sentir, ainda mais quando se é recíproca como a tati disse!!
    Mas a paixão é algo mais de atração por atração mesmo !!

    Nos seus textos, principalmente neste, percebe-se que ainda queima em você, a paixão e me atrevo a dizer até, um grande amor pela MÃE de suas filhas.
    Há quem diga que AMOR verdadeiro só ocorre uma vez na vida.
    Ainda acredita nesse amor antigo que segundo seus textos, vc viveu intensamente 16 anos ?

    Ass: Mulher que um dia carregou uma paixonite passageira por vc.

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  4. Olá professor!
    Você está achando que fui eu quem escreveu o comentário acima.
    Juro que não foi, mas concordo em número, gênero e grau.
    Se joga...

    Prohibited Girl :)

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  5. Queridississississimo Alê,

    texto lindo - como vc. Completo com uma metáfora do (sempre) Chico Buarque, em seu último livro, "Leite Derramado".
    Diz ele: "Com o tempo, aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque, ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte, ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é, então, a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa de sua feiura".
    Perfeito, não? Ciúme precisa ser rosa para não virar repolho.

    Continue escrevendo sobre os sentimentos todos - vc é bom demais (também) nisso.

    Beijos com abraço apertado.

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